BEBETE BEZOS

(Mauricio Salles Vasconcelos)

Episódio 12

Em andamento de folhetim, segue no LÁPIS o Post Tela-Romance Bebete Bezos (Episódio 12).

Encerra-se, com esse conjunto de 12 episódios, a publicação da narrativa em formato sequenciado no LÁPIS, passando a tomar seu contorno final no livro editado pela Ar Livre (vindo integralmente a lume em novembro de 2023).

O projeto se centra numa recriação, no feminino, de Beto Rockfeller (telenovela emblemática em seu experimentalismo), acrescida de motivos romanescos extraídos de autores como Alfred Döblin e Witold Gombrowicz. Em pauta, se encontra uma atualização de personagens do século XX instalados na época multimidiática gravitada em torno dos domínios de imagem/influência/informação tal como configura Jeff Bezos com seu diversificado, abrangente império empresarial (em correspondência neomilenar com o que Nelson Rockefeller exercia nos anos 1960 sobre o protagonista de Bráulio Pedroso).

 

                           Mauricio Salles Vasconcelos


Mais do que vício, uma verdadeira mania que deu de falar sozinha. No meio de muitos, porém.

(Desde o inconcebível desenrolar da vida contra a própria vida. Antes de se findar, a vida contra o vivo, levada nas costas de muita gente, às vezes expelida num grito, nunca único, nem particular, peso desmedido)

 

Há quem se reúna à sua volta na cata da contação de histórias. Porque quando exibe seus objetos misturados, estranhos, discrepantes entre si (inimagináveis para algum tipo estipulado nessa vida para comércio), ela narra a dificuldade de ter chegado até ali. Não é de hoje. A vida subsiste de forçosa repetição (à custa dos outros, diga-se, ela mesma não existe se não for estendida seja pra quem for, “não dá outra”).

Vem, então, um arrasto de coisas, criaturas, na mesma carga.

Fica bem talhado o itinerário de Dona Franca – A “dos gritos” – Tudo que carrega sai de seu dorso. Enquanto faz declaração dos valores, dos objetos ali rachados de ficarem ao sol enlouquecedor de Crucilândia, aquela senhora presta serviço do quanto foi carregado (um enfileirado de circunstâncias indispensáveis para sua voz em transmissão de tudo que acontece até ali, num ar livre concedido a todo tipo de negócio)

 

Do tempo da Fábrica. Pois fique sabendo, houve uma em Crucilândia. Está cruzada com a saúde de meu marido – desde que o vi, namorei, pus no mundo filhos dele até o homem perder o fígado e a respiração no embalo das lutas feitas para melhorias logo conduzidas à morte de seus trabalhadores – Fábrica de Brinquedos

 

SONHO SOLAR era o nome. Veja aqui um dos últimos triciclos. Foi produzido ainda no tempo de Deodato, assalariado da fábrica, a embalar a última filha. Posso negociar um preço. Vai querer, meu freguês querido? É o último, tá de acordo?

 

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SONHO SOLAR –

      A logomarca estrelada debaixo do sol real (décadas depois) um violeta em raios infanto-mercantis explodido e levado para outro lugar de tanto que estoura, numa estabilidade escandalosa, quando mais se estertora, ficando ali fixo para me perturbar. O nome da fábrica, um brinquedo, alguns trazidos logo pra minha casa em todo fim-de-ano. A corneta plástica, o boneco fofa imitação de bebê humano, o carrossel de coelhos descompassados nos tamanhos

CRIANÇA RISONHA FICA A FANTASIAR A LUZ DO SOL (esse é o timbre ostentado pelo triciclo à venda

Dá voltas descarriladas no corpo, na cabeça, bem no segundo em que Dona Franca me reconhece e leva para dentro de um abraço materno a multidão de ouvintes misturados com os mais próximos fregueses)   UM SONHO DA MANHÃ (nenhuma chance há de embrenhamento escuro na chave de um simples sono, tudo é feito com o sol na placa)

O tempo passou e estou de volta, atenta todavia à emoção de me jogar num retalho de vida bem íntima, que se põe tão de imediato num entrecho de espetáculo –

Dona Franca grita, comercia e não para de se situar como contadora de histórias (feito uma dona louca mendicante quase a vender o que-não-se vende na batida da própria vida fatiada, em oferta relatável)

 

/Uma Pesquisadora Senior de Povos na Rua me toca nas costas para conversar a respeito não só da matéria para um jornal da Zona Noroeste, mas também do ingresso de Mãe numa maratona de eventos orais, registros brutais do vivido, sejam fatos ou fantasiados dons de entabular os percalços de coletivas memórias andantes, sem mais um autor no projeto, no pacote de tramas, toques puramente verbais do que se fia e se dispersa, num só bater de pestanas e gestos das mãos pelo ar/Apenas pela razão (nunca finda) de estar aqui, sem deixar de falar

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A antiga casa de família está no meio-da-rua. Aparentemente atenuado fica o fato de hoje os objetos de um lugar-de-referência (mesmo de memória completamente inconferível), aqueles elementos componentes de um rasgo de sala, um oleado, um retrato a óleo a imitar Impérios Ancestrais, estejam todos a serviço de um Segmento da Cultura intitulado CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS (Mãe colhida no salto, no gesto mais natural de por-se a refletir sobre ditos morais, logo despenhada para um trabalho alucinante de tudo dizer antes ou depois, nesse durante)

Algo incrível de estender para quem acaba de chegar, logo a vestir a carapuça, o capuz de algum personagem na história alheia. Essa bem aí, oferecida aos ouvidos senão aos olhos: disposta numa rede onde qualquer um pode entrar sem vazar sua malha, seus pontos tramados há muito tempo

Para que estejam a serviço daquele/a ali mal acabada de nascer, atraída pelo que vem até aqui (Crucilândia reunida, é o que parece bem aqui

Na minha mão, OBJETOS ÚTEIS PARA SUA RESIDÊNCIA

Quem fala com vocês é Dona Franca)

 

–  A porta está aberta. Bem diante de vocês. Não existe parede. Pode sentar no chão em cima dessa lona que estirei ao seu dispor, isso: você, sim.

Fique à vontade, de pé, ajoelhado no meio-fio. Para cada um há um objeto e é esse que faz a escolha.

No rolar do que gosto de pensar e confesso a todos, há sempre alguma coisa aqui em venda à procura de você. O sentido se faz assim. Sortilégio?

Pode chamar assim. Há algo reservado apenas para cada um. (Talismã bem secreto, coisa à toa que seja). Tudo tem sentido (doa a quem está doado e não vê)

Basta ouvir e logo ver o que lhe diz respeito. Ninguém sai daqui sem paga, sem pegar seu troco. Aqui nada custa caro. Vê só: já é seu.

 

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Embate pelo estado da Mãe. Cada vivo se revira em outro andamento-tempo.

Qual é o Sonho do Sol?

 

Tudo vivido anteriormente se tratava de uma adivinha. “Só se vive decifrando o que a gente é e nunca tem

Não sai daí a charada. Só que não para com o jogo. Não para na resposta-não de ninguém

Muito menos, sim”

 

Mãe reside numa espécie de quarto compilado com cubos de cimento muito coloridos, toscamente levados pelo absurdo do tingimento sobre o nada. Isso assusta a única filha que Dona Franca teve nessa vida (Braz é filho-homem, o primeiro a despontar na vida, longe dali ele mora, envolvido com produtos orgãnicos depois de batalhas diurnas-noturnas na mesma paterna fábrica).

 

 As duas dormem num abraço de modo a haver acomodação sobre a cama-colchão grudada à parede. Dez Dias em Crucilândia (Dá uma Pauta/Livro inacabado de uma outra a virar página sobre pedaço de letra e fala pertencente a uma outra pessoa, quer dizer história, transporte, volume, vida afora a despeito de apenas um no foco)

 

Não dá pra dormir direito aqui. QUAL É O SONHO DO SOL? O mesmo esbraseado desnudamento das pessoas que não param de se pôr na rua, expulsas de qualquer divagar sobre o que veio, de modo a não haver viração fora daí: para o lado-de-fora, acima de qualquer medida de pergunta. A não ser o sonho no meio do sol desvairado, incapaz de se conter sobre o que vem.

 

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Bem no sol mesmo, Cid me conduz até o lugar onde a fábrica existiu, hoje sendo recomposta como abrigo de produtores culturais da Região.

 

SEM NADA PREVER, JAMAIS EM PENSAMENTO, VEM FALTA DA VOZ ROUCA MAIS A LÍNGUA-CHICLETE DE KUKI KARMANN –

Tem um gozo nervoso com Cid para vislumbrar o que se chama Gozo (tudo o que um vivo almeja) com seu depois e um rosto feito suma do recém-desfrute (a desfiar o já-feito).

(Parece que invocamos um alguém para julgar o que houve ou não de gozo, ainda que seja a parceria ao lado, duplicada, já não igual ao que foi no ápice do relance, logo se tornando o reviver do desafio do desejo).

 

Ainda mais que Cid se queixa de certa dor no saco escrotal bola direita no momento de seu esguicho (efeito da porrada Barros Filho?) bem dentro de mim preparada para gerar um filho se a vida quisesse: menos eu,

Porque quero deixar o acaso tomar conta do que coloquei, perdida na própria fé, no altar de uma criatura nunca alcançada em si mesma, jamais inteiramente deixada a sós. (Criança, não, uma inocente, sem pensar no que sou, isso aí mesmo)

 

Zoom zunido pelo fim da fábrica, todo um lugarejo e uma reunião de pessoas dispersas. Vem a ser esse o passeio prolongado por Cid a me arrastar para lugar referenciais da Área depois do nosso gozar sôfrego (único, aliás, depois de nosso regresso a Crucilândia sob a forma de um casal)

 

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Rondas (na roda do que restou da Fábrica, o casal de amigos agora está sentado) Lugares desfigurados descortinam arredores em igual ruminação

Rondós (tem sempre alguém tocando música estridente, como que despontada d’alma, modo sempre antigo de dizer o indomável instante). “Antigo q nem o antigo humano trazido de volta 1 a 1”, mas é puro negócio disco toca-tudo, isca fácil quem for/se pôr a cantar no lugar de dizer

Refrões ressurgem a despeito de qualquer esforço mental, memorial

Por cima da voz da mãe por tudo o que é canto (faz sentido, soma objetos gritados a pedaços do que já foi, já deu, só resta a cabeça de algum fora de data e realidade)

Pensamentos não pertencentes a ninguém mais fazem parte da ronda de Cid mais Bebete. Pensamentos ou descarregos subitamente jorrados como atazanada tesoura do tesouro nunca abarcado (a origem, um fim de fábrica, o futuro dali entrevisto como jamais terminada trilha de um sempre deferido no vazio Ser Humano empacotado com sua Condição mal cerzida, irrefreável)

 

“Quanto tempo (Dona Franca), minha filha... (Ana Elizabeth) Você não queria mais voltar por aqui,

Não é?” (A tudo, vindo de um simples caminhar, se soma o queixume de Cid, lado a lado) Ele tem dor por tudo que é parte do corpo, bem no tutano do que o põe em pé logo parecendo ceder, esmorecer dentro de instantes.

Então, volta a se paralisar num meio-fio, marquise, beiral de uma  hoje inexistente fábrica (Sonho Solar, o logo radial ainda informa as letras da ferrugem)

Em outra zona do Brasil foi despachado (ameaça de morte real, milicirizada, no turbilhão de uma exposição de Arte). Retoma Crucilândia  para ser purgado no lugar-ovo de onde mal saiu para ser gorado, Cid, o condutor de cantos à beira dos mundos

/Planetas são periferias, a começar daqui, terra recoberta de nomes, aparências, puros revestimentos, voltados um a um ao seu solo duro: mais nada do que cabeças catalogadas em negaceio da linha direta, jamais destraçada/

 

– Daqui tiro força para logo sair. De modo a marcar o que está distante com o que fica definido por ora, na borda: cume, cruzamento central, sempre na meta de ser mais. A não ser pelo desvio – (Pensar para Cid se faz no andamento de colocar voz, letra por cima)

Planeta/Periferia/Terra/Solo feito do mais bruto, indigente, inacabado humano sem nada certo nas mãos e tudo por ter. Por merecimento: exatamente o que por aí se diz, imenso, infindo.

A fábrica de brinquedos Sol Solar – Os dois param nos degraus deformados, tendo ao fundo o erguimento do Centro Comunitário Cultura de Crucilândia. Sentam-se. Estão orvalhados do mesmo esperma condutor de vidas ainda que não haja nascimento, fundamento fora de um abraço amigo, desprovido de outra forma de acasalar. Principalmente, quando a noite já vai descendo, a revelar a contração daquele lugar lançado à sua encruza de enigma repartido com o que é de bem longe e cria diálogo com quem/quesito de uma só suposta existência. Uma extensão interferente, alusiva a um provável comparsa a milhas do lógico, do corrente, embora presentificado: jamais será visto imediatamente aquele sinuoso, submerso, porém essencial traço de localidade. Qualquer região, reduto, parece não ultrapassar um 

gráfico, uma premissa estatística. Escuridão persistente. Lugares distantes se aceleram. 

 

PERFORM sai de qualquer visível PreForma. Atravessa rua e real – Retalhos/Trançam um corpo

 

Situação de Cid – pública imagem – Ainda agora mesmo, no travo de um quase choro afogado nas sílabas (palavras entrecortadas, em impasse) dirigida à amiga (entendida nesse momento como “de sempre”), ele recebe a notícia dos dois automóveis que vão chegando até eles. Bem ali –

Na porta da casinhola onde Dona Franca vive e abriga a filha menor no abraço entre parede e estrato estreito.

Kuki e Mazé chegam em automóveis diferentes, os dois dispostos a arrebanhar Bebete e Cid para a celebração dos mais novos acontecimentos. Pai Karmann fala em voz alta, entusiasmada:

Há um estouro Cid e os Crimes da Cidade depois da agressiva ostentação body-art feita por Berrador e seus brutamontes (palavra até delicada em face dos brontossauros da Bestialidade feito Norma da Vida).

Terá sido involuntária tal distorcida manifestação de Arte?

 

Juntamente com a multiplicação de imagens do Cantor/Emissor de Cenas, postagens sobre os únicos 2 singles lançados pela banda, mais conhecida nos subúrbios longínquos e nos interiores paulistas, começam a espocar –   Cid...Crimes...Cidade

 

Urgente se faz a redação de uma matéria. Entretanto, Cid não quer sair de lá, não apenas do local de nascença e propagação de tudo que pôde fazer um dia nessa vida, mas da barra da casa de Dona Franca e do colo caloroso da maior namorada já desfrutada.

Com o convite feito a Bebete para, não apenas preparar um longo texto sobre o poeta-músico de Crucilândia, mas também empreender uma viagem pela Velha Europa e seu novo grupamento dissolvente das hegemonias continentais (trama de Odila K., desde recentes negócios firmados com um empresário romeno), a querida comparsa de Cid Serrão já está sendo envolvida pelos braços de Kuki. Dessa vez, ele está munido de uma tatuagem do pescoço até o peito, infantil quase tão liso se oferece na camisa transparente, aparentemente intocado,  acrescido do chicle de bola sabor menta a rolar pela língua vermelha, safada, rosa ardida.

 

A tattoo deixa impresso um desenho de si mesmo, Kuki, a esticar uma imensa língua entrecortada por ramas, dragões, arabescos de todo tipo de arte e alusão. Do pescoço até desembocar no tufo como que implantado de tão berrante, hipercolorido, em seus mamilos cabeludos cor-de-cobre. De repente, Bebete tem um beijo roubado por ele.

 

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Romênia é a Fábrica mais nova (Cabine 3 de Os Catadores de Espinhos instalada com o nome outro de...VELHO MUNDO É LIBERDADE IMPENSADA) A usina de procedimentos para uma nova época.

É lá, na Europa menor (não é de hoje a visita de Odila a Bucareste, na abertura de frentes), hospedeira dos desmandos da guerra fatal contra o Continente, a referência para um reengenho dos destroços ucranianos e outras nacionalidades perseguidas. Odila logo lança a Bebete a legenda de tudo o que planeja, mal ela desce do automóvel de Kuki depois do trajeto Jardins-Crucilândia-Jardins.

No entanto, a garota, agora mulher compromissada com Kuki e os Karmanns em empreitadas pelo mundo (quanto mais velho mais noticiável), não deixa de pensar no que deixou para trás mais uma vez:

 

Deodato Bartolomeu, pai de Braz e Ana Elizabeth, esposo de Dona Franca, desapareceu durante os primeiros movimentos de oposição aos rumos da Indústria SONHO SOLAR – Muitos dizem da abertura de covas nas encostas de Crucilândia. Outros falam de um homem ensanguentado seguido por um grupo meio cego, como que ao fim de uma profecia coletiva, numa cruzada para lá das montanhas da Mantiqueira.

Na procura pelo marido nas ruas, Dona Franca armou um sítio, um arrodeio de coisas que precisava gritar, retirando de casa o que não mais compunha um núcleo em família.

Moleca criada nas ruas...Bem assim, Bebete pode ser tachada. Tal quadro de fundo se mostra visível, muito estatelado, para Kuki, no momento em que estaciona seu Alfa diante do cubo-de-cimento onde Dona Franca vem convivendo com a filha nos últimos 10 dias.

No ver de Mazé, a configuração da origem de Bebete Bezos in loco só faz ela mais potenciada para o cargo que exerce no pool impulsionado por Maga Mega, numa crescente ascensão.

Há, então, um enlace inimaginável no dia-de-hoje: uma nova noiva conduzida ao píncaro do que significava há muito tempo atrás a sorte, a sucessão, o sentido de um vivo.

Na porta de casa, Nova Noiva faz trajeto não apenas ao seio (norteamento, convocação) de um núcleo familiar cotado na mais alta escala de poderio e visibilidade. Começa a traçar uma trilha de atuações internacionais. Ela se encontra às vésperas de uma viagem para um continente conhecido por ancestrais conflagrações, guerreado de novo para ser novo, mesmo ao ponto da completa dizimação, do retrocesso (quando à iminência do cume capitalizador globalizado de Cultura e impensáveis Bens Imateriais).