Sexy (Deâmbulos)
por Vanina Vissal
Poeta, formada em Teatro. Performer. Prepara o livro Câmaras-de-Sexo. Apresenta no LÁPIS novos trechos inéditos desse projeto.
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Posto em fuga desde quando – um
Simples sinal de chuva o levou a abrigar-se, argumentado
Em compartimentos: muita satisfação consigo mesmo
Sobre um oleado a loucura: crescentes pelos mais cabeleireira a
Queixar-se através canção (rapeado inglês periferia)
Toque abrupto em seu centro, espinhaço e cabeçote
Para deixá-lo fotográfico, eternizante
Trauma (não escapa a um mero traçado
Homem versus virada atmosfera)
O “seu” sexo – o senhor ser – muda por inteiro
Dir-se-ia por simples lufada (do vento)
(Vontade
Pura, coincidente).
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Na companhia de muita gente ao redor uma
Forma assediante, acesso turbinado
Mesmo que seja para lembrar sem mais nada
A provar de seu corpo
(Muito mais, aliás,
Cada vez menos do “alheio”)
Efeito Ambiência/de repente
Leu-se em tal clave
Disparou discursos em palestras, Depois do Sexo
Condiscípulos surgiram para experiências veementes
Por entre as teses mais aplaudidas
Câmaras são casos, se multiplicam num pisco-pisso
Contam para dizer-se vivido:
Alguém bem leve, incansavelmente disponível, é a lei terrena
(Única Meta)
Uma guerra para alcançá-la
Sorriso perene sob um cacho pendente, penduricalho rumoroso
Bigode postiço prioritário perseguido
Pela metade
De cada-ser-vivo
“O que eu sinto de fundo o mais finito/
Põe-se, de um só jato, transparente”
Não-se-pode dispensar um bigode postiço
Ilação entre voz decisiva e a réstia encabelada
Onde alguém mora na palavra
Que mais obseda (basta ver o alimento,
O alento, o hálito de cada executante
Da prova até o redondo abismo
Carregamento marsupial antigravidez barriga-esperma)
Onde ninguém nunca cessa/avesso
Perfeito: do mistério pós-morte espasmo
Por conta própria
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A cena se petrifica:
Não sair daqui
A catar os próprios pentelhos, pespontos
Proeminentes (sobre tudo que gero
Sozinho ao sabor
Inumerável de quem desceu/um invariável último/até cá e sumiu
Para sempre, novamente ressurgido
No mais caudaloso caso
De rompimento)
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Um especialista vem na lata para me dizer
(À guisa de bochicho hipermímico)
AGORA VOCÊ pertence
A Câmaras-de-Gozo
Concentre seu foco
Faça-se de disciplente, aferrado aprendiz
(Quero dizer “displicente”
Para Maior Duração
De seu gozo, queremos dizer:
Da sensação permanente
Mesmo quando nada há
Não ninguém)
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Entre um forçoso intervalo e um nome
Alinhado a algum vulto, montante
Muscular Inevitável preenchimento
De um sempre insuficiente (como se
Recém surgido)
Corpo
Lullaby
DODI – por ti chorei o tamanho de cada pinta
(Nos 2 sentidos de bofe revirado para gente faminta e bússola
Indesviável de tua silhueta), sinuoso
Retrovisor quebrado em cacos
Sobre os quais – O quê? – Repiso
(Teu corpo perdido conduzo
A outros amores também
Sem corpo)
“Como foi, enfim, descoberto
Cada momento que passei sozinho a
Inventar seu chamado/Dodi”
Nome aquebrantado para me guiar gozo
Afora (Último sustento,
Substância de Si
Para Si, o sinuoso
Sem medida de gente e vulto
Sou eu mesma Dodi, canastrona, seio vertido ao vidro
Duma mostra monstra sexy
Prestes a começar
Todos de novo)
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Alguém pode me explicar (no meio de um sono) porque abri um livro
Já incorporado à minha estante pé-palito quebradiço tendo por baixo um Papelão do SuperMarketing mais plástico-bolha espuma restante sofá
Perdido
À guisa de quebra-mola anteparo/Quem/Alguém/
Por que tal releitura em meu tempo já negociado para descanso?
Livro aberto em sala de consultório (sei lá se
Consultoria, eu já empregada a aguardar clientes, atrás de uma mesa a
Resolver enigmas cruciais, calientes
Por cima de livro impresso no vazio formado
Por frases superpostas (endereço gritante garrancho escolar)
Cena extensa, continuada, após breve cochilo vespertino, (encargo
De Todo o Tempo da Vida) É uma questão, estou
Aqui sob tal desígnio (sinal gráfico nenhum nem
Pensar Ponto Interrogação) Responda-me, escrevendo
Por cima dalgum livro?
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HISTÓRICA
Aparece com casaco ban-lon não nada a ver
Sei lá tirado de qual tempo (desnuda por baixo)
Urgentemente intenta uma persona (caída tarde)
Um modo reciclável à vista para se ligar a
Alguém de vez, pelo menos só pelo corpo
Sexo Prolonga All Life Long
Bem na pinta lança legenda: desaparece
“Sério” (há horas não mais vista/assim parece/nunca rolou rastro d’antes
Quem usufruiu fluiu) “Sério?”
Tem jeito de não voltar mais