SPAMSÃOPAULO (Oriana Iório)

 

                   SPAMSÃOPAULO    

 ARQUIVOS DE UMA DESOCUPADA ZELOSA –

                       PSEUDÔNIMO de FELÍCIA FABRIL

                                   POR ORIANA IÓRIO

 

Oriana Iório não tem formação universitária concluída. Iniciou curso de Ciências Sociais, logo integrando-se a grupos de teatro e performance. Participa de oficinas de escrita desde os anos 2010. Prepara no momento SPAMSÃOPAULO a partir de algumas vertentes propositivas trabalhadas pelos Laboratórios de Criação.

 

 

      Havia uma explosão a cada rodada de patinete –  Agora se expõe a memória acelerada do tempo sem mais resquício senão rumor diminuto, sempre acrescido ao que se vê e pensa (tardiamente, bem depois).

       Ríamos muito até que o fato se passasse e ficasse só como coisa da gente. Até que descobrimos sobre a vizinha: não passava de uma perseguidora de crimes no mesmo fio em que não perdia a sequente novela noturna. De repente, num brinquedo de grupo (sei lá se pique esconde), demos conta que ali na casa geminada à nossa o rádio só se concentrava em casos de escândalo e de uma violência explodida na voz do locutor. Como se ele se tornasse o próprio violento, o criminoso mais vil a atirar contra qualquer um que o ouvisse.

       

   (Não acontecer nada e o resíduo do crime. O rádio desligado depois de hora, a sombra da vizinha sozinha e velha ausente já, ocupada em seu serviço no bairro mais distante.)

  Tudo em mistura ao redor. Cleô fica com a avó. O pai sai para o trabalho de vigia. Alguma brincadeira com Dedo e Janice.

  

Clips Brinquedos Infância até adolescência logo doentia fase sem mais cura

                  Anos pequeninos vindos depois me empurraram para dentro de casa entre armadilhas didáticas de Aritmética História do Brasil, pois na casa ao lado a família feneceu que nem um florescimento selvagem numa emenda de assassinato-suicídio-internação-veias estouradas. Justo com a criança que eu mais amava e ainda não larga meu pensamento mesmo tendo sido casada, levada portanto por excesso de obrigação no mais direto, não deixo de ser contadora de histórias do que vem se passando. Especialmente, quando perdi o meu mais recente serviço e só cuido da mesma casa. Cuidadora. Esse é meu trampo – trampolim de tempo em tempo –

 

TELA EM CASA Metrô EM volta Ida aos estudos, estágios, experimentos entre ganho e não ganho (FILMES DOWNLOAD – Áudio-visual invés Cinema Bairro Avó Don Ameche)

I-Pod (Em trabalho, em desvio, sem sair da casa-de-fundos)

               Vovó é a que mais dura. Todos daqui já morreram. Vila-Breu. Chamo isso daqui em segredo.

          Vó Girândola não se lembra de ninguém, mas não tira da mente o passeio com o homem que a deflorou. Uma fita com Don Ameche (ator rememorado por um só alguém). Dali despontou a penca de filhos, entre as quais a criança que veio a me gerar e já se foi. Eu e a avó, ambas desseserviçadas, jogadas pra fora do tempo. Mesmo com idades diferentes. Vila Breu. Capital São Paulo.

Cidades criativas – termo emergente, de contornos ainda fluidos e fascinantes, que nos faz ver nossas cidades sob novos ângulos. Ao longo da última década, a criatividade tem ganho espaço crescente nas discussões sobre desenvolvimento, cultura, economia e sustentabilidade. Este curso mostrará que as soluções para os problemas estruturais da sociedade, da economia, da cultura e das cidades exigem novos olhares. Nessa caminhada, faremos um tour pelo mundo, analisando casos práticos de países diversos e comprovando que a criatividade é uma das grandes

molas de transformação urban

Escolhi essa magnífica citação de John Lennon para começar meu post porque vem totalmente ao encontro do que vou relatar aqui. Aliás, o assunto deste post foi um dos motivadores da criação do blog tão logo me pus a rememorar com dedos elétricos: queria ter algum lugar onde pudesse berrar, ser mais uma voz no grito de protesto da querida  Mabel Mericonde.

                                    Enquanto Cuidadora este é o texto que devo ter de cor de modo a me manter no interior da família em sua divulgação do estado-de-vida em que os membros todos daqui se encontram.

 

A Mabel é dessas pessoas de quem a gente gosta de graça. Conheci no primeiro ano de faculdade na Cásper. Nunca fomos exatamente próximas, mas sempre houve um carinho especial por ela. O fato é que o destino preparou uma pequena cilada e, dessa vez, ela foi a vítima.

Faço questão de replicar as palavras da Mab para relatar o ocorrido:

“Dia 04/10 por volta das 8h30 da manhã, peguei o metrô Vila Madalena e por ser um domingo de manhã estava quase vazio. Entrei em uma vagão com apenas uma pessoa, o que eu não sabia é que essa pessoa era um assaltante que, segundos depois da porta do metrô fechar, veio me abordar, roubou meu celular e me espancou, dando alguns golpes na minha face.

Ninguém do metrô me ajudou, não havia ninguém na plataforma para me prestar socorro, tanto que ninguém viu a agressão e tive de descer duas estações seguintes, nas Clínicas, onde nem ao menos puderam me acompanhar até o vagão muito menos até o metrô Ana Rosa, onde haviam amigos meus me esperando para um domingo que seria como qualquer outro. Fui ao hospital na mesma manhã e o que eu achava que não era nada além de um grande galo na testa e um roxo no rosto se transformou em algo mais grave: uma fratura no osso da face, no assoalho do osso do olho direito e um grande edema no próprio olho.

Já no dia 05/10 (…) De jejum a mais de 12h, tomava soro na veia e remédios para dor, como morfina…eu me sentia bem, apesar do pânico de ter que passar pela cirurgia (…) que era para demorar 1h, demorou quase 5h. Nas mãos da equipe do Dr Neruda Colombo (Bucomaxilo e cirurgião plástico), tudo correu bem apesar da fratura ser mais extensa do que o imaginado.

Fiquei 4 dias no hospital, tomando antibióticos, antiinflamatórios, remédio para dor e após a alta ainda precisei ficar 15 dias em casa. Fiquei com dipropia (visão dupla) do olho direito, edema no olho e um derrame por causa do trauma e durante a cirurgia meu olho não respondia, eu havia praticamente perdido a visão, mas ainda bem q conseguiram “reviver” meu olho…Levei cerca de uns 5 pontos abaixo dos olhos e milhares de pontos (nem imagino quantos) dentro da boca, onde foi feita a incisão da cirurgia. Fraturei o osso da face em 3mm e o assoalho do olho esfarelou praticamente, foi necessário colocar essas plaquinhas de titânio nos locais.

Após 1 semana o inchaço já estava bem melhor e eu já estava sem o dreno na narina, que ajudava a drenar o acúmulo de sangue no crânio. Agora após mais de 15 dias de cirurgia, ainda não tenho total sensibilidade na parte direita do rosto, não consigo mastigar do lado direito e ainda tenho alguma visão dupla, mas disseram que isso melhora com o tempo.

Qndo essas coisas acontecem mta coisa passa pela cabeça: revolta, tristeza, angústia e mta indignação. A gente só fica se perguntando ‘por quê?’ ‘porque comigo?’ ‘o que eu fiz pra merecer isso?’ (Depois vi que nada é de original, quando passamos pelo mais imprevisto, já foi feito um filme pregresso com esse nome exatamente) Mas essas perguntas nunca são respondidas.

Eu prefiro acreditar q como muitas outras coisas, essas experiências são apenas pra me deixar cada vez + forte, ou pode ser tbm puro azar…Na verdade nem é azar…É uma violência descomunal, são banalidades que a gente vê todo dia, na rua, no trânsito, no noticiário, em casa…assistindo noticiário

é a vida descartada, o sofrimento subjulgado (mais do que subjugado), ninguém liga pros seus sonhos, pra sua dor, pra sua família, palavra presa na boca ninguém me liga às coisas que vêm de dentro e não encontram correspondência… Vc faz um B.O. na polícia, sofre humilhação pra fazer um exame de corpo de delito no IML, pra NADA, ninguém vai me devolver a minha PAZ…O quê?

Ainda bem que EU tenho família que me ajuda, amigos que me apoiam (mesmo à distância), minha namorada que me AMA (agora ela viaja a negócios, mas sempre se corresponde, textos e mais textos, vídeos de entremeio)… já o bandido e as autoridades “incompetentes”, Deus tenha piedade deles todos. Tenham todos piedades de nós mesmos”

Mabel Hospital das Clínicas

A Mabel fez esse relato no orkut dela, onde postou fotos também: http://www.orkut.com.br/Main#Album?uid=

Todas as noites eu reconto esse fio de coisas para Hortênsia, mãe de Mabel, a seu pedido. É uma forma de reengatar a memória de coisas levadas pelo Alzheimer e também um feitio de oração, que ela, Hortênsia, emenda com os vestígios de Mabel, resumindo tudo num pedido de vida mesclada com a iminente morte que comigo arrasta para o sentido de arquivo –

Para qualquer coisa perdida em minha própria existência tripla de ouvinte – leitora – cuidadora. Sem mais me separar das vidas que abrigo, limpo e aprumo, entre um e outro emprego de tempo (contado, provisório, dotado de elo afetivo grudento, incapaz de retirar da mente por um longo período o que está comigo e já se dissolveu na chamada Realidade,

De retorno a Vila Breu)

 

Eu fiquei alguns dias sentindo um soco na boca do estômago depois que soube do caso da Mab. Fiquei chocada, indignada, fazia idéia da impotência que ela sentiu. A Mab é real. Eu a conheço, já a abracei, já ouvi sua voz…Você certamente já repassou coisas das quais não tinha nem a mínima certeza se eram reais ou não. Por isso, ficaria realmente feliz se você unisse sua voz a esse protesto.

Tendo começado este post com a lendária frase do Lennon, fecho com a não menos célebre citação de Che Guevara (visões políticas à parte): “Se você treme de indignação perante uma injustiça no mundo, então somos companheiros.”

E eu conto com sua voz!

O fato ocorreu no domingo, dia quatro de Outubro; o vagão em que ela viajava se encontrava vazio, era 8:30hs; o trem se encontrava entre a Estação Vila Madalena e a Sumaré do Metrô ( Linha Verde ), na Zona Oeste, quando um meliante tomou-lhe o celular e exigiu sua carteira. Ela pediu que deixasse os documentos. Próximo à estação Sumaré, ele a levantou e jogou-a CONTRA A PAREDE DO VAGÃO! ( Teve esse tempo todo! ). Ela procurou proteger-se e ficar próxima à porta para, logo quando abrisse, escapar. Daí, ele deu-lhe DOIS SOCOS ( no rosto e na cabeça ).

Chegaram à estação, onde não havia ninguém. O cara desembarcou. Nas palavras da vítima: "Do lado de fora, ele gritou [ grifo meu ] para que eu não saísse e ficou lá até as portas fecharem [ idem ]".

Correto: vocês não leram errado. O cara ficou ali, sem ser importunado nem mesmo por um Testemunha de Jeová. Ninguém sacou o assalto, a agressão, o grito dado na própria plataforma [ onde existem câmeras, diga-se de passagem ]. Se ele quisesse ter cometido suicídio, não haveria quem impedisse.

Afixado no interior dos novos [ e baixos ] trens que circulam pela citada linha, há o aviso de que câmeras estão nos filmando, para nossa segurança. Não sei se todos os trens possuem o equipamento. Tampouco imagino que tenha alguma serventia. Talvez as coisas bizarras que acontecem sejam gravadas e, depois, postadas no You Tube, onde conseguirão bastantes visitas, e o Metrô faturará um monte com as publicidades, tipo Google AdWords. Audiência, sabe?

Prosseguindo: a vítima seguiu viagem até a estação Clínicas onde, nas plataformas, havia vários passageiros mas, (observou), nenhum funcionário.

É aí onde eu queria chegar. "Os funcionários".

A moça seguiu em direção à saída e pediu auxílio a uma funcionária que se encontrava ao lado das catracas. Esta chamou os seguranças, que perguntaram o que aconteceu e a orientaram para que fizesse um BO na Delpom [ delegacia do Metrô ], que fica na Estação Barra-Funda [ linha Vermelha]

ROTEIRO: ela teria que continuar na linha Verde, descer no Paraíso [ linha Azul ], fazer baldeação sentido Santana [ norte ], descer na Sé [ Centro ] e pegar o trem destino Barra Funda [ Oeste ].

"Ninguém me prestou socorro nem me acompanhou à Ana Rosa, como pedi.", disse Mab. Amigos a esperavam ali e a levaram ao hospital, onde sofreu uma cirurgia. Ficou internada até 07/10 e ficou 15 dias em casa, de repouso.

Depois, sua namorada contatou o Metrô, e S. fez o BO na Delpom. Até à altura que a carta foi publicada, ela não recebeu retorno da empresa. Disse que continuava fazendo tratamento de reabilitação dos músculos da face, "para não perder os movimentos e não ficar deformada", segundo suas palavras.

RAPIDEZ

Faça um teste. Critique, pelos jornais e revistas, a SPTRANS, o DETRAN, a DERSA, ou outra destas companhias e estatais administradas [ vá lá ] pelos tucanos e seus aliados milicianos. A resposta vem na rapidez de trem-bala. Acho que as equipes das Assessorias de Imprensa desta gente são as equipes mais competentes, profissionais e capazes de toda a máquina de governo. O Partido atualmente no Poder tem muito a aprender.

A coluna publica a carta da leitora e, logo abaixo, a rápida resposta do Metrô. Que foi essa:

"A Assessoria de Imprensa do Metrô esclarece que a companhia emprega vários meios, como a presença de agentes de segurança e monitoramento por câmeras de vídeo para garantir a segurança dos passageiros ( ... )";

Isso não impediu que a moça passasse o que passou. Se tem uma coisa que dá muita raiva são essas explicações que nos dão. Na verdade, parece mais um informe, um folder.

Eles enumeram, em termos, todo o aparato de que, vai se saber, eles dispõem. Parece até, pelo tom assumido, que estão questionando a vítima: "Ora, querida, temos seguranças e câmeras...". Só falta dizer que o crime não poderia ter acontecido. Se eles dispõem de seguranças, onde estavam que ela não os viu? E, mesmo que ali estivessem, isso não intimidou o agressor em nada.

Quando eu disse, acima, "em termos", eu quis dizer que os "esclarecimentos" são vagos e incompletos. Eles mantêm seguranças? Tá, e quanto são no total? Quantos por estação? Quais são os números da violência em suas instalações?

O Metrô prossegue com os "esclarecimentos", dizendo que os funcionários atenderam a vítima e insistiram que ela fosse atendida no HC. A norma, diz o Metrô é, após os primeiros socorros, levar as vítimas de acidentes ou de 'outras ocorrências' à rede hospitalar pública ou privada, de acordo com a escolha da vítima.

Ai vem: M. não quis, pois tinha "assuntos pessoais urgentes", e recusou o atendimento como tbm o registro de BO, sendo orientada a fazê-lo posteriormente, o que foi feito por sua mãe (naquela época, bem ativa, nervosíssima, e com memória de elefante), tendo os funcionários envolvidos como testemunhas.

TRÉPLICA

A leitora respondeu que a assessoria disse absurdos, e que enviou uma carta à Ouvidoria do Metrô com quem teria ( em 01/12 ) uma reunião, ocasião em que externaria sua opinião sobre tais absurdos. Diz a leitora que ninguém lhe procurou para averiguar os fatos, e que sua mãe procurou o Metrô no dia seguinte, mesmo dia em que M. passava pela cirurgia. M. alega, também, que, mesmo que tivesse "recusado" [ aspas dela ] ser atendida no HC, a responsabilidade do Metrô deveria ser a de prestar os primeiros socorros ou tê-la acompanhado em segurança até a Ana Rosa.

EPÍLOGO

Já escrevi isso antes. Antigamente nem papel de bala você via no chão. Os funcionários do Metrô, principalmente os homens e mulheres de preto desapareceram. Copos de isopor, restos, embalagem do McDonalds, Lanches-Lixo, tudo isso você acha no chão, nos cantos, na própria plataforma, dentro dos trens.

Outro dia, aliás, eu fui pegar o Metrô nas Clínicas, sentido Ipiranga. Passei as catracas e, ao chegar a escadaria que dá acesso à plataforma, tive que desviar de uma pessoa, sentada [ dentro da estação ] bem nos primeiros degraus altos. Ela, e sua tralha, impediam a passagem em plena escada, sem ser importunada por ninguém. Lembram dos tempos quando, se você apenas agachasse para descansar as pernas, nem que fosse nos túneis [ ou seja, distante de catraca, plataforma, dependências internas ], a voz do sistema de som já ralhava com você e, se você quisesse dar uma de "cada um, cada um", uns 3 ou 4 MIB, com cassetetes Pinochet-style apareciam e avisavam que sua perna não estava doendo tanto assim. Ainda.

Você levantava rapidinho, um milagre na sua vida.

Hoje, o Metrô virou um camelódromo desagradável. Algo que somente serve para

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"Valorizar bairros, trânsito vário".

Virou um lema ao léu.                                  Hortênsia, mãe de Mabel, conseguiu finalmente dormir. Conforme o combinado, Eu passo a noite aqui. De repente, surgiu essa função, porque de dia foi contratada uma verdadeira Cuidadora, formada, especializada. A sorte é ter a cama ao lado de outra velha, minha vó (assim posso vigiá-la, Hortênsia, por outro lado não sentindo-me sozinha durante o sono, aliás, o sono parece sempre uma casa alheia de onde temo sair). A vizinha agora cuida de Vó. Vizinha, Nilzinha, sofredora de insônia, por vezes bêbada, solitária sempre. Nilzinha fica com Vó enquanto estou aqui e lembro da casa vazia sem mais Mabel e o pedaço da história emitida por minha boca, não podendo mais escapar daqui o retrato de Mabel estampa a história interrompida, vela por nós. Impõe seu próprio limite. Felizmente, zelo por essa súbita ocupação – uma vida inteira encaminhada agora às casas dos outros, eu, a Cuidadora (dessa nova mãe e dos arquivos dispersos de alguém chamado Mabel.

       Rezo junto com a dona da casa, dentro do seu fio-de-vida, para que dure muito tudo isso, ela e eu a vigiá-la o tempo mais estendido possível para meu próprio sustento. Rezo para acreditar em tudo que é nosso e também se finda, nos levando a Deus para logo deixá-lo com sua palavra infinita, fora do tempo

           A mão da velha me toca, chama o nome Mabel

           Ser Cuidadora quer dizer perder sono, senso de tempo, do que se passa entre morte, vida, de uma a outra pessoa, sem conta de limite)

 

                  Eu mesmo estou velha a esperar ano em cima de ano pelo mesmo metrô até o lugar mais extremo (cidade por inteiro enquanto se distancia).

        Criancinhas se grudam ao chão, lascas de calçada, na intenção de um brinquedo.

        Vila Breu (nome secreto do pedaço de moradia). De volta. Tudo o que vicia roda no ar (pela própria natureza). Feito oração. Feita para hora de cair-em-si.  

“O dia é o que mais fere,

Imenso, imediato, já em fuga

 ”

O dia

Em seu início sempre       (Tudo por ter começo, por mais feito)

 (Dentro do que parece ser linha íntima, subterrânea, salvaguardada) 

                                                      (Demora demais chegar em casa)      

12/09/2023