REAPRESENTANDO MAURA LOPES CANÇADO ATRAVÉS DE ANA PAVLA
[Mauricio Salles Vasconcelos]
[Mauricio Salles Vasconcelos]
A tese de Ana Paula Ferraz – Ana Pavla, em sua assinatura como autora de narrativas, poemas e ensaios –, defendida em 2023 na FFLCH/USP (Programa de Pós-Graduação em Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa) com o título Anatomia de uma escrita indócil – Os biorrelatos de Maura Lopes Cançado, suscita questões de teoria, escrita e vida tão impactantes quanto mobilizadoras. Em torno da mulher conhecida hoje como o nome que produziu o livro Hospício é Deus – Diário I (1965) –, relato de uma vida concentradamente exposta na experiência da internação manicomial, apenas há alguns anos divulgada em formato box (Editora Autêntica, 2015) juntamente com os contos de O sofredor do ver (suas únicas obras), Anatomia... se encontra em preparação para ser publicada pela Editora Ar Livre (no segundo semestre de 2025).
Centrado no diálogo com os ditos e escritos de Michel Foucault, especialmente aqueles dedicados à análise da literatura moderna, o belo ensaio de Pavla extrai, de uma fonte até o dia de hoje – not so new millennial era – bastante producente de proposições conceituais e cortes críticos do saber escritural, uma via reveladora de leitura de Maura Lopes Cançado, autora contemporânea do filósofo de História da Loucura (1961). Justamente nesse ponto de convergência é que a estudiosa de Maura encontra um paralelo contagiante com a formação da genealogia em Foucault, assim como todo o legado analítico oferecido por ele em várias vertentes das ciências humanas, embasado que foi o pensador francês em suas leituras de literatura (como pôde depor em textos e entrevistas).
É bem na trilha de um traçado genealógico que a ensaísta encontra um modo de pensar literatura na atualidade através de uma reconfiguração da história de uma autoria, permeada por questões relativas a subjetividade, sexualidade e arte, entre inúmeras outras. As muitas esferas do conhecimento (reconcebidas sob o escrutínio de Foucault como saberes) não se apartam de uma conjuntura político-cultural em que surge o grande estudioso das formações disciplinares, entre as quais a loucura como método de clinicar e institucionalizar, nomear e espacializar, com a configuração demarcada de lugares e funções, assim como o exame e a exegese de suas práticas.
O nascimento de uma autora, indissociável das implicações da loucura como diagnóstico, discurso e disciplina, ocorre na mesma fração da História em que o filósofo constrói seu inigualável itinerário no campo das Humanidades, tendo como solo um conjunto desconcertante de ensaios sobre o fazer literário (o que é um autor – indaga um de seus estudos – em meio a uma profusão de veios cognitivos, científicos e políticos, decisivos para que existam uma arte e uma assinatura autoral). Para quem se deteve sobre A vida dos homens infames com foco na diversidade de registros por escrito deixados por um sem-número de gente anônima, não haveria surpresa em localizar um manancial no material disperso – formalizado em apenas dois livros –, referente a Lopes Cançado, uma vez que existem testemunhos sobre uma prolífera criação realizada por ela –
Estilhaços de prosa confessional, racontos mesclados a poemas tão dilacerantes quanto experimentais, documentos inimagináveis –
Para sempre perdidos, ao compasso de uma existência cortada por internações, inicialmente voluntárias, gradativamente forçosas, conduzidas ao pico da gravidade, com ocorrências de agressão física, de assassinato até o encaminhamento ao âmbito presidiário.
Porque ela mesma não sabia de si...nem do que era considerado como loucura. Por isso, se internava por livre escolha em clínicas, como quem frequenta um lugar especial, destinado ao repouso, ao retiro – um clube regenerativo, revigorante, ou um spa (impensável, impossível).
Frases, Fragmentos
Não ao acaso, Ana Pavla associa Maura Lopes Cançado, entre muitos outros referenciais, à ancestralidade literária ocidental, pontuada em Safo.
Em volta do único poema da autora grega restado por inteiro, Anatomia de uma escrita indócil obtém a potência do fragmento – em observação de escritos como os de Maura L C sinalizados pela dispersão, pela fratura, pelo esquecimento. De modo vivaz, põe-se em relevo o que o poema uno sáfico desprende de mobilização ao decantar o instante, os apelos do corpo precisamente em uma era na Grécia primada pela dissolvência da palavra primordial (na leitura feita por Auerbach, em Mimesis), atribuível à plêiade de divindades e mitos designada como horizonte civilizatório, marcado este pelo fundamento do epos.
Surgem, então, do corpo, também se insurgem, as convocações declinadas em vocalidade feminina, à altura de um coro (primórdios do lírico, entoado ao vivo, musicado grupalmente) emanado rumo a uma entidade como Eros. Não à toa, o mito-deidade considerado agridoce – como o faz extraordinariamente Anne Carson no ensaio com o título preciso de Eros, o doce-amargo –, nuclear na poética de Safo, conjuga o chamamento corpóreo, celebratório de um sentido comunal entre mulheres, com o travo trazido pelo corte da fusão cosmogônica, antes sustentada por um panteão civilizacional capaz de submeter individualidades ao regimento da épica, com suas desbravações e descobertas no território fundado e consolidado pelo povo grego (sob comando masculino). Vem do corpo a invocação às deidades, ao tempo em que a lira acompanhada pelo canto-dança, coral, advém como modo de ser-escrever.
Tudo que restou (tal como se intitula o trabalho tradutório de Safo feito por Álvaro Antunes) de uma arquitetura textual guiada pelo signo ambivalente do erótico enquanto agrura, amargor, como também de “afastamento da melancolia” (na feliz formulação de Ana Pavla). Uma concepção rítmica, sonora, da escrita passa a se desenrolar através de um núcleo imagético “multiflóreo” (Pavla expande tais correlações a partir, também, do filme Pequenas margaridas, de Vera Chytilova, realizado em 1966).
Um despontar de posturas evocativas musicalizadas, dotadas de força feminizadora e corpórea em crescente propagação, é assinalado. Um elo se produz, através de uma vertente da História da Literatura e da Mulher, em avivado intercâmbio, com as frases e os fragmentos polivalentes, irradiadores de incessantes implicações, legados pela autora de Diário I. Principalmente, quando se põe em relevo a poeticidade inseminada em prosa narrativa, feita de veemência, tantas vezes de violência testemunhal, concebida entre o acosso hospitalar e a indagação radical, limítrofe, sobre existencialidade em tal contingência. Entre as locações do confinamento e as quadraturas de uma coreografia sempre mapeadora de inquietações ontologicamente exteriorizadas dentro de uma cápsula instituída de espaço-tempo, que ruma para um plano de marcações escriturais conhecido como Literatura.
por que ainda deixo nascerem chagas
sobre o peito quem eu de novo devo
seduzir e dar aos amores? Quem ó
Safo te assola?
pois se agora foge virá em breve
se presentes nega dará em breve
se desama agora amará na hora
mesmo que negue
venha agora aqui me livrar das longas
aflições conceda os afãs que anseio
neste peito e seja aliada nessa
linha de luta.
(Safo, 2017: 29)
Ao tomar uma linha de luta, com a afirmação do corpo e da instantaneidade enquanto forças presentificadas na escrita, Maura ergue um projeto inseparável da ficcionalização do que relata, do sempre iminente irrompimento do ser-de-linguagem (tão seminal para Foucault) em detrimento da ideia-sujeito. (Segundo Pavla, dá-se, nada ao acaso, o afloramento de uma vocalidade coral, vinda de Safo, em multifloreamento das infindáveis facetas da mulher-personagem Maura, insuflador de vínculos com diferentes artistas tais como Ana Cristina César, Lispector, Duras, Cixous e a cineasta tcheca Chytilova). E o faz enquanto recusa da reincidente e monolítica noção de autoficção – imobilizada pela metafísica da verdade e do real, adstritas a uma 1ª pessoa, identificável, quando não limitadamente identitária.
Quando Ana Pavla observa não haver, textualmente, um pacto, um contrato da ordem do biográfico – a partir das teses de Philippe Lejeune, estudioso do tipo de escrita conhecida, reiterada e rentável ao mercado na atualidade, conhecida como autoficção –, nota-se a ruptura da coincidência dos fatos narrados com a realidade na obra de Lopes Cançado. Daí, o interesse da ensaísta em frisar o biorrelato como denominação do projeto em pauta, uma vez que ocorre o desaparecimento da autora como narradora em demonstração de uma maestria autoral, em domínio de um depoimento acabado e fidedigno acerca de si. Pois avultam seus embates (como também enlaces) com muitas variantes escriturais, na invenção de encruzilhadas complexas, permeadas pelo delírio, por fantasmas e fantasias surgidos de constantes surtos, de um estado nitidamente de risco, não destinadas ao engenho logoico da revelação, do verossímil, tracejadas ante as delimitações do estado psicótico que a vitima.
SESC-SP
A escrita dá testemunho a tal alcance criador em detrimento do controle e da assinatura pacificadoras de uma autoria. Para além de um pacto mensurável entre Maura, nome impresso no livro, e a incógnita de sua literatura, inseparável da pessoa exposta a duras provas de uma vida que se dá a ler. Algo transcorrido com o concurso ou não da ficção, tendo sempre relacionadas existência e experiência, entre as inflexões fabulativas e o traço bio entrecortado pelo delírio de ser no processo de escrever.
Ou seja, através de um intrincado intercâmbio, a imaginação é fomentada enquanto se desvenda uma figura real através de seus desafios e descaminhos em andamento confessional. Algo simultaneamente desenrolado no processar dos quadrantes/quadrados de sua condição clínica, condutores de uma indeterminação dupla quanto ao destino da escrita/escritora e do quadro de sua situação psíquica. Frise-se o tocante esquadrinhamento do pátio asilar no conto-chave “No quadrado de Joana”, em sua captura da teia perceptiva de uma interna do deificante Hospício Humano, em sua aparelhagem focada numa racionalidade eminentemente discursivizada.
Insurge uma produção de literatura, influente e disseminadora, plena de pujança, de punch, para remover da previsível cena nacional de agora tudo o que se escreve com referimento-endereçamento. Põe-se no contrafluxo do prévio pacto com um pool de leitores fascinados pelo (auto) reconhecimento através de um timbre livresco portando um nome consolidado de autor, com sua destinação atestável, avalizável, tematizadora.
Pela clave fragmentária, híbrida de diário e diálogo disposto em frentes tão confessionais quanto ficcionalizadas por meio das formas breves (o conto com seus círculos de gênero e também seus circuitos de experimentalidade), Maura Lopes Cançado acaba por revelar, de modo mais flagrante, em Hospício é Deus, uma proposição escritural radicada na busca. Tudo é guiado como acontecimento da linguagem indagadora de si quanto mais se autoexpõe e realiza arabescos coreográficos, poemáticos, à volta da tríade espaço-tempo-personagem. Bem sabe Pavla detectar as quadraturas de uma escrita nova até hoje, mais mobilizante do que as autoridades testamentadas pelo aval em cadeia composta por imprensa-mercado-universidade, consagradora de nomes literários presas de suas boas causas, do culto a traumas/tramas tão paralisantes quanto instituídos (sem que se autonomizem da circularidade de uma onipresente cena de origem). Uma serialização de textos vem sendo disparada a serviço de intuitos de denúncia inscritos na cultura jurídico-administrativa formalizada por orgs. e ongs, insulados na tautologia de um mesmo formato de testemunho, aparentemente diversificado, inserido, contudo, dentro de recorríveis nichos temáticos.
REDBUBBLE
Estado Disciplinar da Escrita
A disciplinarização da Literatura é atualmente uma questão a ser analisada à luz do velocímetro crítico-clínico-político acionado por Foucault, cujos sinais mais vitalizadores são despontados na anatomia ensaística de Ana Pavla. Em especial, quando se notam presenças monovalentes, nutridas do literário pelo literário (à exaustão, a designação de escritores se mostra inócua, inoperante, quanto mais é repetida em fóruns, farras e feiras culturalizadoras, promotoras do Livro) – Posam como reféns da fabricação de rostos editorialmente consagradores dos modos de obtenção de status e compactuação com os meios visibilizados em vigor. Aplainam-se ações, palavras-de-ordem restritoras das formas inovadoras de pensamento, escrita e experiência, em nome de uma política da verdade, intransitiva, contudo, além da autorreferência. Pois verifica-se ad nauseam a ineficácia de táticas transformadoras da vida coletiva em toda sua heterogeneidade e potência confrontadora com os amoldamentos culturais, personológicos, próprios às boas consciências das causas, dos discursos e das autorias referendáveis, reconhecíveis, já testadas e dispostas em stands de venda paralelamente ao referendo das teorias pratos-feitos ofertadas pela atual Universidade.
Tudo dito e editado como literatura deixou de ter formulação de linguagem amplificada, à altura da multiplicidade dos signos vários formadores de uma época. Predomina a reverência a legibilidade/representatividade/visibilidade tal como se estampam em canais consolidados da dominante empresarial, da inserção sistêmica, inerentes ao escrever hoje. O que se nota em total consonância com o mundo info, suprido pela mera opinião e pela inclusão instituída de acólitos rendidos a nomenclaturas comunicacionais, facilmente aderíveis a segmentos estabelecidos de emissão e poder. Observável, pois, um andamento midiaticamente patenteado como literatura a ocorrer em adequação à parasitária política oficializada por corporações, por blindagens organizadas feitas à mescla plural, intercambiante, desconcertante de vozes, testemunhos textuais complexos, controversos. Em evidência, fica cada vez mais à mostra o publicizado reverso da pulsação mais inventiva, mais investigativa, em favor do alinhamento à hegemônica-homogênea conformação dos escritos a saberes legislados.
Não à toa, Maura Lopes Cançado permaneceu tanto tempo “apagada”, como também agora pode sofrer o risco de ser alçada a uma moldável autora frequentada pela loucura, celebrada por um dado de margem, que seus editores e difusores poderão colmatar (especialmente, quando sua Obra foi recentemente publicada pela mais poderosa Companhia do País). Enquanto a franja, a fronteira da escrita que ela produziu, contêm consigo uma indisposição que as autorias apreendidas por Foucault, ativadas agora por Ana Pavla, assinalam em radical contraposição a um aninhamento/anichamento às tópicas setorizantes: loucura, marginalidade, texto feminino, sob o desenho mainstream dado a qualquer outro resquício identitário, constitutivo do temário em vigência.
Os dois únicos livros de Maura dão ainda a ver que a partir do não nomeável, de uma vida qualquer, infame ou indescoberta (desprovida de atributo, de adjetivação), apontam para uma escavação, uma carta exploratória de realidades e existências. São passíveis de disseminar um empenho plurificador de questões e indagações infindas, desalinhado de causas e segmentos sempre discursados em nome de.
É de potência, vinda da fragmentação do fluxo corrente dos discursos com seus gêneros e topologias dominantes, que o saber chamado de Literatura se mostra capaz de reinstaurar. No instante mesmo em que faz mover, em expansão desmedida, linhas circunscritas a volumes destinados à leitura.
Venha do tempo que for, de um período remoto ou de nossa agoridade, em que escrever se dá em um mundo multiforme, em insurgência constante, em face de problemáticas irredutíveis a segmentos representados, uma conjunção escritural cria impensadas vizinhanças, interrelações extemporâneas. Advém uma espécie de tremor especulativo, lançado ao avesso da noite convertida em sonho (de Novalis a Blanchot), quando, então, se libera a experiência interior (Bataille), em dissenso com os regimentos psicológicos, as oposições dialéticas de uma estratificada, estruturalizante sociologização da existência. O ativismo autônomo da escrita se indispõe com os emolduramentos, em sua extremada, integral voltagem, nada adaptável a operações mediadoras, conciliadoras com tendências editoriais, a ditames ideológicos.
Os autores (Novalis, Blanchot, Bataille, entre muitos outros) lidos por Foucault, seminais matrizes, incisivamente essenciais em nossos dias de escrita destituída de conceitualidade e investimento vital, visceral, adversos a pautas bem compostas de contrafacção postável/endereçável, são acrescidos por Ana Pavla quando se volta para Ana Cristina César. Destacada fica, por exemplo, a ética-estética-política da linha contraposta ao padrão da entrelinha, tornando afrontadora a anotação, no interior de um quarto-laboratório (com os apagamentos todos dos pontos demarcados entre ficção e confissão), em detrimento da transparência bem-sucedida da “redação técnica” (como se lê num dos textos de A teus pés).
As modulações sempre surpreendentes do escrever se instalam nos quadrantes da vida-em-depoimento de Maura Lopes Cançado enquanto experimento. Diários indissociáveis das fabulações por meio das quais a história de uma mulher, de uma época, não para de se reengendrar e fazer propulsões de uma genealogia da existência e de um saber como o literário.
Deve-se pôr em realce o traço definidor de uma arte que, a despeito do enfrentamento das dimensões disciplinares indesviáveis ante todas as formas de institucionalização e mediatização em suas circunstâncias de espaço e tempo, tem, como modo de operar, a ampla radiação de signos em suas combinatórias semióticas, gnosiológicas, bem além do cerramento em sistemas culturalizadores, segmentados. Sobretudo quando se tem em mira o dado de ser realizada por pessoas vivas em conjunções epocais e contextuais orientadas não somente a serviço de demandas conhecidas, mas para a emergência dos que a lerão entre um agora e mais adiante, enquanto realidade sempre plurívoca. Sempre por vir. À deriva dos devires.
A desenvoltura possante trazida pelo ensaio-anatomia de Ana Pavla, centrado numa escritora ainda a ser descoberta, se mostra inseparável do que tão bem Foucault propiciou como leitor de literatura. Dota-se da força libertária da linguagem para investigar a loucura e a razão dos humanos confinados aos espaços de poder, aos seus ditos-e-escritos.
Referências Bibliográficas
AUERBACH, Erich. Mimesis: A Representação da Realidade na Literatura Ocidental. Trad. George Bernard Sperber e equipe. São Paulo: Perspectiva, 2021.
CANÇADO, Maura Lopes. Hospício é Deus. Rio de Janeiro: José Álvaro, 1965.
_______________. O sofredor do ver. Rio de Janeiro: José Álvaro, 1968.
CARSON, Anne. Eros, amargo e doce. Trad. Tatiana Faia. Lisboa: Edições 70, 2024.
CÉSAR, Ana Cristina. A teus pés. São Paulo: Brasiliense, 1982.
FOUCAULT, Michel. História da Loucura: Na Idade Clássica. Trad. José Teixeira Coelho Neto et al. São Paulo: Perspectiva, 2019.
LEJEUNE, Philippe. Le pacte autobiographique. Paris: Seuil, 1975.
SAFO. Tudo que restou. Trad. Álvaro Antunes. Além Paraíba (MG): Interior Edições, 1987.
__________. Fragmentos Completos/Safo. Trad. Guilherme Gontijo Flores. São Paulo: Editora 34, 2017.